11 de Maio de 2011, final de tarde
Li algures, ou talvez tenha ouvido “nasci velha”. Tenho tido ao longo do tempo esse sentimento. Há uns anos atrás a ânsia de viver tudo o mais rápido possível turbava-me muitas vezes os sentidos, mas hoje não é assim. Na procura do quem sou e do que faço aqui, encontrei a paixão na janela de Adolf Loos e o humanismo em cada detalhe de Alvar Aalto. Quantas vezes encontram estas duas qualidades juntas? No caminho que faço várias vezes para a FEUP reparo na passagem por baixo da ponte. Tenho vontade de trabalha-la, com textura, cor e transforma-la num prolongamento das fileiras de árvores que me tocam sempre de novo.
Vivo no pormenor! Gosto de cortar uma folha ou outra à medida que vou andando só para lhe sentir a rugosidade. A de hoje é uma folha muito pequena de um arbusto do jardim, verde escura de um lado e extremamente lisa, felpuda do outro e num tom verde água. Maravilhosas as folhas, se os materiais que usamos na construção fossem tão precisos na combinação…ah o mundo seria um maravilhoso bosque!
A FEUP respira monotonia, blocos geminados sem essência. Qualquer oliveira do lado de fora é mais bela que toda a massa de betão presente. Foi assim que aprendi a projectar? Será?
Corredores sem fim, paredes rasgadas por uma imensidão de vidro, métrica até à exaustão. Os raros momentos de quebra são as escadas, que fico muito feliz de encontrar, despertam-me para o ritmo, a clareza de cada espaço. Imagino materiais diferentes para esclarecer a mente e cores também. Fechar aqui e ali a enorme parede de vidro, enquadrar quem sabe um ou outro elemento, remeter o edifício, esta grande massa para a reflexão. Afinal aqui estuda-se, mas não sei onde me pudesse esconder para pensar. Oh…eu nasci velha!