Author: Susana Borges
O caminho dos indesejados
Paz, posso dize-lo antes deles. Mas como se encontra tal coisa num espaço onde não há lugar? Num continente perdido e sem valores, onde se dobra e redobra, pisa e espezinha, companheiros de um sonho moribundo ao qual chamamos união? Não se encontra!
É preciso sim, é urgente, é indispensável, é o Certo! Mas não é porque o povo deles nos esta a desembarcar na costa, fartos da fome, do medo, da tortura e da morte… É o certo a fazer, porque o mundo precisa de valores nobres que esta velha Europa parece há muito ter esquecido.
Eles que enfrentaram a morte ou viveram mesmo centenas delas para chegar até aqui, agora devem simplesmente baixar a cabeça e aceitar o malfadado destino que lhes é imposto?
O que nos resta fazer?! Encarar o problema de frente, aceitar que eles vão ficar e que é necessário começar a pensar em estratégias sustentáveis.
Precisamos de saber quem são, precisamos de lhes tratar das feridas corporais, mas sobre tudo psicológicas. As crianças precisam de voltar para a escola, ou ir pela primeira vez a escola. As famílias precisam de um lugar ao qual chamar casa. É urgente que eles ganhem a sua própria subsistência, que estejam envolvidos no processo de criar e reinventar o amanhã. Finalmente temos que por a carta em cima da mesa, encarar o facto que muitos deles a médio e longo prazo se irão tornar europeus.
Nós europeus não temos empregos! Certo, certíssimo. Pois bem, criem-se para eles e para nós, eles precisam de nós e nós precisamos deles, se virmos na adversidade um meio de nos redesenharmos para um futuro melhor.
A quem cabe todas estas decisões? De certo não é a um punhado de homens de fato e gravata, para quem tudo tem um valor numérico. Vidas não se medem em euros, nem em votos! A decisão é de todos nós, a questão é – vamos decidir o que é certo, ou o medo vai-nos levar a repetir os mesmos erros do passado?
Não há asiático, africano, árabe ou europeu. O que há são pessoas que antes de mais nasceram num planeta que nunca lhes pediu ou privou de nada. Isso veio depois, quando os Homens reclamaram para si o que é de Todos os Seres!
Cinema francês
Science for Designers: The Meaning of Complexity
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Damasco, Síria © Marcus Lyon |
Cinema Turco
DESIGNED FOR THE FUTURE
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Children’s Playground for Rural Ghana © Design group of UN volunteers. © Image La Voulp |
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Children’s Playground for Rural Ghana © Design group of UN volunteers. © Image La Voulp |
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Children’s Playground for Rural Ghana © Design group of UN volunteers. © Image La Voulp |
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Children’s Playground for Rural Ghana © Design group of UN volunteers. © Image La Voulp |
The Private Life Of A Cat – 1947
The book
Letter for an intern
Dedicatória
que encontraram força para seguir em frente. Para os futuros, ex e presentes estagiários, para aqueles que
acreditam numa arquitectura mais humana, seja ela construída ou feita entre os pares todos os dias nos
gabinetes, através de gestos e palavras.
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Hotel Vals, Morphosis Architects |
qualquer coisa. Nesse espaço entre algo e lugar nenhum, deparamo-nos com o que há de pior no ser
humano, a escravatura legitima e socialmente aceite.
tem vida, ou nome, é uma espécie de coisa – uma besta.
qualquer. Faz trabalho de segundo ajudante de obra, acarta material para maquetas infindáveis, monta e
desmonta estantes em ferro, limpa cozinhas, atende telefonemas e compra comida para os amos.
sem mácula, como os do centro e norte da Europa. Venderam-nos o diabo na faculdade, foi o que foi.
A bem prezada e maravilhosa arquitectura, referenciada vezes sem conta pelo mundo fora, criada por
seres humanos cheios de valores, monetários claro.
abate.
não penses nisso agora. Findados noves meses (vá, tens que dar alguma margem), meu querido estagiário, terás a honra de ser chamado de Arquitecto, a ordem estabelecida diz que sim.
no limbo, ainda que o mais provável seja a entrada directa no inferno do desemprego. Não desesperes, nos
dias que correm és chamado de jovem arquitecto aos 40.
negócio. Que se constrói o que não faz falta, que o lugar não tem importância nenhuma, que a atmosfera é
só uma palavra bonita, que menos não é mais, mas que mais gera sempre mais.
pensar no futuro, mas para aqueles que lucram com ela. É feita de egos!