Eu sou…

Eu sou feito de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos

Sou feito de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão

Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci

Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante


Tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não-prometidas

Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar

Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei

Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo.

M.Medeiros

“(…) Do meu pai não sei o nome; disseram-me que se chamava Deus, mas o nome não me dá a ideia de nada. Às vezes, na noite, quando me sinto só, chamo por ele e choro, e faço-me uma ideia a que possa amar…Mas depois penso que não conheço, que talvez ele não seja assim, que talvez não seja nunca esse o pai da minha alma…
            Quando acabará isto tudo, estas ruas onde arrasto a minha miséria, e estes degraus onde encolho o meu frio e sinto as mãos da noite entre os meus farrapos? Se um dia Deus me viesse buscar e me levasse para sua casa e me desse calor e afeição… Às vezes penso e choro com alegria a pensar que posso pensar…Mas o vento arrasta-se pela rua fora e as folhas caem no passeio…Ergo os olhos e vejo as estrelas que não tem sentido nenhum… (…)” – Bernardo Soares ( Livro do Desassossego)
Ber

Tudo definha

A little chaos

Olhando para trás tudo definha…E aqueles que achávamos conhecer, que definíamos de amigos…Passam na vida e são apenas pessoas! Indivíduos sem vulto num passeio de cidade, já não lembram, não sentem, cegaram.

Substituíram cumplicidades por risos desbotados e frívolos, antigas batalhas por jangadas de pedra.
Caminhamos sem perceber… Num dia cinzento banhado de lucidez momentânea, vemos, que o foi já não é. Que aqueles que eram, já não são e o que sentíamos era apenas real dentro de nós. Segue-se uma nova jornada, um novo dia nasce!

Tudo é possivel

“Comover-me com o absurdo de uma cor, um relance, uma explosão branca ou um buraco negro de silêncio.

Fazer do meu caminho, e do teu, uma experiência de Vida e não de constrangida pequenez quotidiana.

Quero festa e romance, gestos de poesia, técnica, surpresa e função.Quero tudo, e já. 

Porque tudo é possivel.”


Mário Caeiro

Autor: Bruno Martins